O Lipedema é uma doença muito comum que acomete cerca de 10% da população feminina do mundo. Ao menos 5 milhões de brasileiras apresentam os sintomas, mas poucas sabem que se trata de uma doença.

Pernas desproporcionais ao tronco é apenas um dos sintomas. Essas mulheres sofrem com dores, peso nas pernas, inchaço, hematomas frequentes e uma dificuldade de emagrecimento nos membros que não responde a dietas e exercícios como no restante do corpo.

Na Alemanha, Espanha e até Estados Unidos a conscientização sobre a doença já está mais avançada, bem como os tratamentos.
No Brasil tem se tornado mais conhecida, principalmente após a inclusão da doença no CID11 (classificação internacional de doenças) no inicio de 2022, mas o caminho ainda é longo no reconhecimento e oferta de tratamentos dessa doença por aqui.

Os membros destas pacientes apresentam um crescimento do tecido adiposo de característica desordenada, isso é, uma gordura com crescimento acelerado e desproporcional. Estes membros apresentam maior dificuldade no emagrecimento. O que pode contribuir para dificuldade de deambular, constrangimento social, distúrbios alimentares e de imagem, entre outros fatores físicos e psicológicos. Além destes, os prejuízos podem incluir deformidade de pele, diminuição do fluxo linfático, que é a fase mais avançada da doença, onde além de Lipedema a paciente pode apresentar Linfedema, que é a obstrução dos vasos linfáticos.

“Pernas gordas, é o formato do seu corpo, as pernas da sua família são assim, isto é celulite, obesidade, linfedema, varizes, sinto como se tivesse dois corpos em um (cintura fina e pernas grossas)”.

As pacientes relatam grande sentimento de frustração após inúmeras consultas, anos de busca e tratamentos ineficazes, é um alívio encontrar um nome para algo que dificulta tanto o cotidiano dessas mulheres.

E porque o Lipedema atinge principalmente mulheres em fase adulta?

Sabe-se que a patologia tem origem genética, e que fatores hormonais aceleram a progressão da doença: uso de anticoncepcionais, tratamentos para engravidar,  gestação e mesmo a menopausa. Também por esse motivo, é muito incomum que homens apresentem lipedema, mas não é impossível.

Como saber se tenho lipedema?

  •  Você sente dores, peso e apresenta hematomas frequentes?
  • Quando perde peso, emagrece no abdome mas não nas pernas?
  • Sente nódulos de gordura na coxa ou braços e a pele mais fria?
  • Sentiu piora deste quadro após puberdade, uso de hormônios, gestação ou menopausa?
  • Alguma mulher da sua família apresenta as mesmas características?

A confirmação do diagnóstico do Lipedema depende de uma avaliação com médico especialista, porém se você respondeu “sim” para a maior parte destas perguntas, vale a pena investigar.

Estagios

O lipedema é uma doença crônica que tende à progredir com o passar dos anos esta evolução é medida em estágios:

Estágio I – Superfície da pele de aparência normal com subcutâneo em forma de nódulos palpáveis. Drenagens e alimentação regrada podem aliviar alguns dos sintomas.

Estágio II – Apresenta pele irregular e endurecida, com acúmulo de gordura em forma de nódulos. Em alguns casos apresentam dores. Hematomas são frequentes.

Estágio III – Grandes acúmulo de gordura, com deformidades da pele. Dores e hematomas são frequentes.

Estágio IV – Grandes deformidade de pele e gordura associado a lesão do sistema linfático, causando edema nos pés (conhecido como lipo-linfedema). Hematomas frequentes. Dores fortes na maioria dos casos. Dificuldade de deambular.

O diagnóstico precoce de um médico especialista e o início de tratamento adequado são extremamente importantes para evitar uma progressão da doença.

Tipos de Lipedema

Além da classificação por estágios, o Lipedema também pode ser classificado por localização anatômica.

A doença pode acometer somente braços, pernas ou quadril. Existe uma classificação para entender melhor cada tipo de Lipedema e ela é dividida da seguinte forma:

  • Tipo I: Acomete nádegas e quadril.
  • Tipo II: A gordura se distribui nos joelhos e coxas.
  • Tipo III: A gordura se forma em coxas, joelhos e panturrilhas.
  • Tipo IV: O lipedema atinge os braços.
  • Tipo V: A gordura se acumula somente nas pernas, abaixo do joelho.

Diagnóstico

O diagnóstico do Lipedema é feito através da história do paciente, ou seja, relato de dor, hematomas, dificuldade de perda da gordura, piora após momentos de mudanças hormonais. E exame físico que é a presença de pele fria, nódulos de gordura em braços e coxas, sinal do garrote no tornozelo e bolsas de gordura nos joelhos.

Apesar de não existir um exame específico para o diagnóstico de lipedema, é possível estudar a distribuição da gordura corporal e descartar outras patologias que são frequentemente confundidas com lipedema, tais como varizes ou problemas linfáticos.

O Instituto conta com estrutura para a realização de exames de imagem e triagem de risco pré-operatório.

Como saber se tenho Lipedema?

  •  Você sente dores, peso e apresenta hematomas frequentes?
  • Quando perde peso, emagrece no abdome, mas não nas pernas?
  • Sente nódulos de gordura na coxa ou braços e a pele mais fria?
  • Sentiu piora deste quadro após puberdade, uso de hormônios, gestação ou menopausa?
  • Alguma mulher da sua família apresenta as mesmas características?

A confirmação do diagnóstico do Lipedema depende de uma avaliação com médico especialista, porém se você respondeu “sim” para a maior parte destas perguntas, vale a pena investigar.

Tratamento Integral

O lipedema é uma doença complexa que requer uma abordagem multiprofissional ele se baseia em duas abordagens: O tratamento clínico e tratamento cirúrgico que se complementam e devem ser realizados em conjunto.

Tratamento Clínico

O tratamento clínico envolve uma dieta anti-inflamatória baseada em reduzir o consumo de alimentos processados, leite e derivados, álcool, carne vermelha e açúcar. Importante entender o seu processo inflamatório e procurar a orientação de um nutricionista que entenda desta patologia.

Outro aspecto importante do tratamento é a atividade física. Treinos que aumentam a frequência cardíaca ajudam na queima de gordura. Como o lipedema muitas vezes está associado à frouxidão ligamentar dos joelhos e tornozelos, uma boa opção são exercícios de baixo impacto, por exemplo, aquáticos.

Encontre uma atividade que te dê prazer, físico e mental.

Apesar do Lipedema não ser uma doença do sistema linfático, o uso de meia elástica compressiva e drenagens linfáticas aliviam o inchaço ocasionado pela reação inflamatória da gordura.

Tratamento Cirúrgico

Segundo o consenso americano de Lipedema publicado em 2021, a única técnica capaz de remover as células doentes de gordura é a cirurgia.

O tratamento cirúrgico se baseia em: Lipoaspiração tumescente com preservação dos vasos linfáticos, associada ao uso de tecnologias para a produção de colágeno e nos casos mais avançados remoção cirúrgica do excesso de pele.
A lipoaspiração é realizada por cânulas de pequeno calibre e aspira o tecido gorduroso doente que está abaixo da pele através de pequenas incisões de até 4mm. A cada procedimento cirúrgico é possível aspirar até 7% do peso corporal da paciente em litros de gordura, ou seja, uma paciente de 100kg poderia remover até 7 litros de gordura em cada sessão.

Algumas áreas do corpo, tais como face interna ou lateral da coxa, face posterior dos braços são mais sujeitas à flacidez após a remoção de gordura. Por este motivo, associamos logo após a lipoaspiração o uso de tecnologias que aquecem a pele e aumentam a produção do colágeno diminuindo o risco de flacidez.

Nos casos mais avançados de lipedema (estágios 3 e 4) existe o comprometimento da pele, devido ao grande volume de gordura e diminuição da vascularização da derme. Por isso, estes casos exigem a remoção cirúrgica do seu excesso através de incisões na coxa e nos braços.

Pos-operatório

O pós-operatório adequado é essencial para o sucesso do procedimento, ele envolve atendimento de enfermagem e fisioterapia especializados.

A fisioterapia se inicia logo após a cirurgia. Fazendo a remoção do líquido acumulado sob a pele e aplicando um enfaixamento específico para ajudar na sua modelagem. Após este período inicia-se o trabalho de modelagem do tecido cicatricial.

Recomendamos o uso de meia elástica compressiva por aproximadamente 3 meses.

A enfermagem auxilia no processo de recuperação, aplicação de curativos e medicações. Além de realizar atendimentos domiciliares quando necessário.